
A escrita pode ser uma ferramenta de aprendizado e de evolução pessoal, essa é a mensagem da oficina “Escrever (n)a emergência do corpo: fugas, desvios, reencontros”, ministrada pela escritora e pesquisadora Mariana Marino. Ela acontece entre os dias 28 de junho a 26 de julho, das 13h às 17h, na Casa da Leitura Hilda Hilst, em Curitiba. A participação é gratuita. 5l3cq
A atividade integra o projeto “Um fio de chá é mais longo que a linha da vida na palma da minha mão”, realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo no Paraná. Durante quatro encontros, as pessoas participantes serão convidadas a pensar o corpo e a linguagem com o objetivo de entender como a relação entre os dois abre brechas para a produção de narrativas que escapam das formas convencionais de tratar o adoecimento. Além dos exercícios de escrita poética, a oficina contará com leitura de poemas e ensaios sobre temáticas que envolvem fisicalidade e enfermidade.
Segundo Mariana, a oficina se baseia na ideia de que a doença – e a maneira como ela é percebida – não constitui uma experiência universal, mas é atravessada por marcadores sociais. “A escrita sempre a pelo corpo, por suas fragilidades, limites e potências. Escrever não exige um corpo idealizado ou plenamente saudável. Ao contrário, pode ser um gesto profundamente vinculado à experiência da doença, criando novas formas de existência e ressignificação”, explica.
O trabalho literário de Mariana Marino dialoga diretamente com os temas da oficina. Em livros como “Peito aberto até a garganta” e “é este o destino do corpo, abrir-se”, a autora aborda a dor e a reconstrução da corporalidade por meio de investigações que partem de experiências pessoais relacionadas a procedimentos cirúrgicos e a doenças congênita e crônica.
Relação com ‘Um fio de chá’ 4u4e3
A oficina integra a programação de “Um fio de chá é mais longo que a linha da vida na palma da minha mão”, idealizado por Semy Monastier, artista interdisciplinar que lançou, em abril, um livro do mesmo nome. Com projeto gráfico de Jessica Emme e ilustrações de Sabrina Gevaerd, a obra reúne textos, registros e imagens que expressam a experiência de luto por uma doença terminal. Esses elementos presentes na publicação refletem a vivência de Semy ao acompanhar sua mãe, diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) em janeiro de 2020, vindo a falecer no meio do mesmo ano.
De acordo com Semy, a escolha de convidar Mariana Marino para ministrar a oficina e integrar o projeto surgiu da intenção de aproximar o livro de uma atividade conduzida por alguém que conhece na pele o processo de adoecimento de longo prazo. Mariana já expressa em sua criação artística a experiência do corpo em estado de doença e recuperação. “A escrita é uma maneira de lidar com as piores fases da vida. Analisar a dor e transformá-la em algo que possa trazer conforto para si e para o próximo é o que nos move”, afirma Semy.
Sobre a ministrante 3o682s
Mariana Marino é integrante da grupa Membrana desde 2018. Escreve, revisa e edita textos. É doutora em Letras pela Universidade Federal do Paraná. Já publicou os livros de poesia “Peito aberto até a garganta” (2020, Editora Urutau) e “não sei quem colocará as mãos em mim” (2022, Kotter Editorial), listado entre os melhores livros do ano pelo Suplemento Pernambuco). O ensaio poético “é este o destino do corpo, abrir-se” foi publicado pela demonia editora em 2024.
SERVIÇO
Oficina “Escrever (n)a emergência do corpo: fugas, desvios, reencontros”
Datas: 28/06, 05/07, 19/07 e 26/07 (sábados).
Horário: 13h às 17h.
Local: Casa da Leitura Hilda Hilst – Av. Prefeito Maurício Fruet, 2150 – Cajuru, Curitiba – PR.
Gratuita.
Classificação: 18 anos.
Inscrições: https://forms.gle/HW29yPFocYKFNS9g9